Christiana Martins
Dizer o quê? Que é preciso ler, porque quem lê descobre mundos, inaugura linhagens. Que comecei a ler e acabei a escrever, operária das letras. Com sotaque brasileiro, porque das raízes não se abre mão. E que foi com sotaque que estagiei no “Diário de Notícias”, trabalhei no “Público”, desembarquei no “Expresso”.
Durante 12 anos, procurei-me nas secções de Economia, perdi-me na Revista, estou na Sociedade. Sempre jornalista, a escrever, porque alguém haverá de ler.
Publiquei um livro, “30 anos de Jornalismo Económico em Portugal”, porque as letras têm múltiplos suportes.
Deram-me alguns prémios em Economia e fora dela (Clube Português de Imprensa, Comissão Europeia), mas, sobretudo, aprendi que é preciso estudar sempre, com uma bolsa em Boston, num mestrado na Universidade Nova ou na Universidade da Carolina do Sul, porque, para além do sotaque, a única certeza que tenho é de que aprender é tarefa que não acaba.
Afinal, como me ensinou a minha conterrânea Adélia Prado, “não quero faca, nem queijo. Quero a fome”.